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segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Trindade Sete Vol. 01 - Capítulo 01

Capítulo 01





Ao redor reinava a mais absoluta escuridão.

Eu não via nem ouvia nada. Na verdade, não sentia absolutamente nada. Interessante… o que restou do meu corpo?

O que restou de Arata Kasuga?

Agora, visto que tudo estava tão mal, eu podia afirmar com total certeza: o fim do mundo havia chegado.

Em breve, uma terrível catástrofe destruiria tudo o que existe, até mesmo o que restava da minha consciência.

O mundo vivia seus últimos momentos.

Era isso que eu queria?

Foi por isso que vivi?

Por isso eu…?

— Não — disse uma voz sem corpo… ou ao menos parecia sem corpo.

O importante é outra coisa: eu me reconheci.

Eu não sentia nada, mas sabia: algo deveria haver à minha frente!

Estendi a mão direita e agarrei algo macio e firme. A sensação era agradável.

E então fui arrancado dos braços de Morfeu.

◆◆◆◆◆

— Unyan♪ — exclamou docemente uma menina minúscula que estava deitada ao meu lado.

O “algo”, aliás, era seu peito… e devo dizer, bastante farto.

— Irmão Arata, você é tão… agressivo, nya♪

— Hm.

Era Yui Kurata, uma das minhas amigas na Academia Real Biblia.

Ainda meio adormecido, estendi a mão e segurei o peito da garota… isso já havia se tornado tradição. Nem vou me desculpar.

— Então, Yui, você está aqui, significa que… — sem soltar sua mão, virei a cabeça para a esquerda e vi Arin Kannazuki, outra amiga minha.

— Sim, meu marido, sou eu. Você me encontrou — murmurou a segunda garota com o rosto impassível, minha esposa autoproclamada.

— Ah, dessa vez vocês estão de pijama.

— Uhu♪ — respondeu Yui alegremente.

Elas já estavam se aproximando da cama, apenas nuas. Hm, que deleite para os olhos.

— Lilith-sensei vai ficar brava se estivermos nuas.

Ah, sim, então ela ficaria realmente irritada.

Minhas queridas amigas tiraram suas conclusões e vestiram pijamas. Teoricamente, estávamos limpos perante a lei. Muito bem.

— Certo, vamos dormir mais um pouco.

— Dava-ai♪ — cantou Yui.

— Como você quiser, meu marido — assentiu Arin impassivelmente.

Eu já estava relaxando, abraçando minhas belas garotas e fechando os olhos…

Quando, de repente, a porta se abriu com um estrondo.

— Arata! De novo você trouxe Yui-san e Arin-san para sua cama?!

O sol apareceu ou melhor, nossa professora Lilith-sensei, ou Lilith Asami, estava na porta.

Ela é um verdadeiro diamante no mundo da magia. Apesar de sermos da mesma idade, já é professora na nossa academia.

Inteligente, esforçada, bonita e que corpo! Um espetáculo!

Aliás, Lilith também estava de pijama, que valorizava suas curvas. Certamente, um bom começo de manhã.

— Oh, Lilith.

Ela olhou para minha mão ainda segurando Yui e imediatamente entendeu tudo.

— A… Ava-va!.. — corando, exclamou, apontando o dedo acusador para mim.

Aparentemente, Lilith queria me repreender por comportamento impróprio, como sempre, mas ao ver que as garotas estavam vestidas, ficou confusa. A professora dentro dela não encontrou nenhuma infração.

No entanto, ela sempre foi contra esse tipo de relação, então um escândalo estava no ar. E eu não gosto quando todos estão bravos ou tristes. Vamos tentar resolver pacificamente. Então…

— Desculpe, Lilith, não pensei que deveria ter te convidado também.

— Hã?! — exclamou Lilith, surpresa, corando até as orelhas.

Ah, exatamente a reação que eu esperava.

— Então eu vou deitar aos pés do meu irmão, e você, Lilith-sensei, ocupará meu lugar♪ — ronronou Yui, descendo pela cama.

— Não entregarei minhas costas ao meu marido — declarou Arin, abraçando-me.

Se nos ajeitarmos, todos nós quatro caberemos, a cama do nosso dormitório é grande o suficiente.

— Então venha para cá!

— Não vou!

Lilith atirou um chapéu em mim e acertou meu rosto.

— Ah…

Lilith sentou-se na cama, abraçando o travesseiro e emburrada.

— Lilith-sensei, você queria vir conosco? — perguntou Yui.

— Não é por isso que estou brava! — resmungou Lilith.

— Que complicado… — suspirou Arin.

Yui e Arin sentaram-se no chão à frente de Lilith, dobrando as pernas.

Já vi essa cena antes. Também é uma espécie de tradição.

Tentei justificar as garotas:

— Vamos, Lilith. Elas só me ajudaram.

— Ajudaram? — perguntou Lilith, inclinando a cabeça.

— Quando invadimos a cama do irmão, ele estava tendo um pesadelo. Suava muito — explicou Yui.

— Sim, senti flutuações perigosas na energia mágica. Então despejamos um pouco de magia nele para estabilizar a energia — completou Arin.

— Entendo…

Parece que Lilith acreditou nelas.

Basta segurar as mãos para transmitir energia mágica, isso até eu sei. Só espero que ela não se lembre disso.

— Eu realmente estava tendo um pesadelo. Obrigado por me tirarem de lá.

— Que nada, irmão, faria qualquer coisa por você.

— Uma esposa deve apoiar seu marido.

É tão bom ser amado.

— Supondo que Arata realmente teve um pesadelo… mas, para saber disso, vocês precisaram entrar no quarto dele primeiro, certo? — percebeu Lilith.

— Eh, pegou a gente — fez Arin, clicando a língua.

— Agora negar seria inútil. Sim, só quis entrar no quarto do Arata — disse Yui com um sorriso despreocupado.

— Yui-san, Arin-san! — ecoou um grito indignado, seguido de uma série de broncas.

Enquanto isso, eu refletia sobre os pesadelos que vinha tendo. Talvez seja por eu ser um candidato a Senhor das Trevas, algo perigoso para nosso mundo.

Significa que meus pesadelos podem se tornar realidade?

— Ei, relaxa a cara — disse alguém, parecia vir de cima. Olhei para o teto — ninguém lá.

— Hm? Isso é…

— Acabei de ouvir a voz de Levi-san.

As garotas começaram a olhar ao redor.

— Hi-hi-hi, aqui estou eu! — anunciou Levi Kazama, jogando o cobertor sobre a segunda cama.

— Festa do pijama! Sorriso! — pediu Selina Sherlock, ao lado de Levi, tirando fotos sem parar.

Hoje, Levi vestia um pijama-quimono japonês, e Selina, calças largas e camisa.

— Quanto tempo vocês estão aí?

— Sou ninja, especialista em infiltrações discretas e sabotagens — respondeu Levi.

Surpreendente. Ela estava na cama, mas a voz parecia vir do teto.

— Ninja, você é incrível.

— Sim, eu sou — disse Levi, orgulhosa, empinando o peito e sacudindo o rabo de cavalo.

— Entramos no quarto depois de Yui-san e Arin-san. Foi difícil nos esconder na cama admitiu Selina, balançando os dois rabos. Boa garota, falou sem rodeios.

— Então estão aqui desde a noite toda?

— Sim, Lilith-sensei. Confirmo, Arata-san teve pesadelos e a energia mágica flutuava. Isso é sério — mudou de assunto habilmente Levi. Esperamos que Lilith não volte a falar da festa do pijama no quarto do garoto.

— U-uhu… Então… Sim, um mago pode ter sonhos-avisos quando está sob influência ou quando a magia sai do controle Lilith disse pensativa, coçando o queixo.

— Sério? Então isso aconteceu com vocês também? — perguntei.

Todos sorriram.

— Estudar magia é repetir o processo de encontrar, aceitar, imaginar e compreender algo que não existe em você. Você precisa aceitar o que não está em você, sua própria temática, por mais desagradável que seja respondeu Lilith suavemente, olhando ao longe.

— Hm, então aquilo que não existe em mim… — murmurei.

Minha temática é “Impel”, “domínio”. Então isso não existe em mim? Pois é, nunca quis dominar ninguém. Amo paz e vivo como quero. Gosto da vida assim. Só que… a vida deu um pequeno aviso de que paz e tranquilidade não estão mais à vista.

Fenômenos estranhos que podem tomar tudo que você ama, acidentes durante magia — e isso é só a ponta do iceberg. Para controlar tudo, eu precisaria governar o mundo, mas… não faço ideia do que fazer.

Talvez por isso a temática “Impel” seja perfeita para mim.

— Eu também comecei a ter pesadelos, então vim buscar consolo nos braços do meu marido — disse Arin, levantando a mão.

— E você? Já melhorou? — perguntei preocupado.

— Sim, agora tudo bem. E Yui me ajudou a me recompor.

Yui sorriu orgulhosa:

— Sou especialista em sonhos! Acho que meu peito também ajudou, né, irmão?

É claro que eu não resisti:

— Oh sim, seios perfeitos.

Yui riu alegremente.

— Esse método de cura não existe! — exclamou Lilith, corando.

Talvez não exista… Mas é justo reconhecer: Yui me tirou daquele mundo negro e vazio.

— Yui, Arin, obrigado.

— Por nada, irmão, tudo por você.

— Sou sua esposa, é meu dever.

As garotas se encolheram timidamente, e meu coração se aqueceu.

Certo, agora o estado de Arin é mais importante. Não gosto de seus pesadelos. Vale a pena pedir que ela nos conte tudo?

— Lilith-sensei, podemos compartilhar nossa experiência com Arata-san? — pareceu que Levi leu meus pensamentos e veio ajudar.

— Sim… claro. Se apenas nos espalharmos e dormirmos, os pesadelos não irão embora. E a flutuação da energia mágica é algo sério — Lilith disse pensativa, esfregando o queixo. — Proponho uma aula especial.

— Viva, festa do pijama♪ — comemorou Yui.

— Não! Vamos discutir os pesadelos de Arata e Arin-san! — cortou Lilith.

— Já trouxe várias guloseimas! — disse Selina, apontando para doces e sucos na cama.

— Ah… bom… — Lilith murmurou confusa.

— Vamos relaxar — riu Levi, batendo no ombro da amiga.

Concordo. Um ambiente informal vai ajudar mais.

— Arin, conte-nos seu sonho.

— Uhu. Tudo começou quando encontrei uma lança — Arin mostrou o anel no dedo anelar esquerdo e fechou os olhos. — Quando você, meu marido, foi feito inspetor.


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