CapÃtulo 01
Ao redor reinava a mais absoluta escuridão.
Eu não via nem ouvia nada. Na verdade, não sentia absolutamente nada. Interessante… o que restou do meu corpo?
O que restou de Arata Kasuga?
Agora, visto que tudo estava tão mal, eu podia afirmar com total certeza: o fim do mundo havia chegado.
Em breve, uma terrÃvel catástrofe destruiria tudo o que existe, até mesmo o que restava da minha consciência.
O mundo vivia seus últimos momentos.
Era isso que eu queria?
Foi por isso que vivi?
Por isso eu…?
— Não — disse uma voz sem corpo… ou ao menos parecia sem corpo.
O importante é outra coisa: eu me reconheci.
Eu não sentia nada, mas sabia: algo deveria haver à minha frente!
Estendi a mão direita e agarrei algo macio e firme. A sensação era agradável.
E então fui arrancado dos braços de Morfeu.
◆◆◆◆◆
— Unyan♪ — exclamou docemente uma menina minúscula que estava deitada ao meu lado.
O “algo”, aliás, era seu peito… e devo dizer, bastante farto.
— Irmão Arata, você é tão… agressivo, nya♪
— Hm.
Era Yui Kurata, uma das minhas amigas na Academia Real Biblia.
Ainda meio adormecido, estendi a mão e segurei o peito da garota… isso já havia se tornado tradição. Nem vou me desculpar.
— Então, Yui, você está aqui, significa que… — sem soltar sua mão, virei a cabeça para a esquerda e vi Arin Kannazuki, outra amiga minha.
— Sim, meu marido, sou eu. Você me encontrou — murmurou a segunda garota com o rosto impassÃvel, minha esposa autoproclamada.
— Ah, dessa vez vocês estão de pijama.
— Uhu♪ — respondeu Yui alegremente.
Elas já estavam se aproximando da cama, apenas nuas. Hm, que deleite para os olhos.
— Lilith-sensei vai ficar brava se estivermos nuas.
Ah, sim, então ela ficaria realmente irritada.
Minhas queridas amigas tiraram suas conclusões e vestiram pijamas. Teoricamente, estávamos limpos perante a lei. Muito bem.
— Certo, vamos dormir mais um pouco.
— Dava-ai♪ — cantou Yui.
— Como você quiser, meu marido — assentiu Arin impassivelmente.
Eu já estava relaxando, abraçando minhas belas garotas e fechando os olhos…
Quando, de repente, a porta se abriu com um estrondo.
— Arata! De novo você trouxe Yui-san e Arin-san para sua cama?!
O sol apareceu ou melhor, nossa professora Lilith-sensei, ou Lilith Asami, estava na porta.
Ela é um verdadeiro diamante no mundo da magia. Apesar de sermos da mesma idade, já é professora na nossa academia.
Inteligente, esforçada, bonita e que corpo! Um espetáculo!
Aliás, Lilith também estava de pijama, que valorizava suas curvas. Certamente, um bom começo de manhã.
— Oh, Lilith.
Ela olhou para minha mão ainda segurando Yui e imediatamente entendeu tudo.
— A… Ava-va!.. — corando, exclamou, apontando o dedo acusador para mim.
Aparentemente, Lilith queria me repreender por comportamento impróprio, como sempre, mas ao ver que as garotas estavam vestidas, ficou confusa. A professora dentro dela não encontrou nenhuma infração.
No entanto, ela sempre foi contra esse tipo de relação, então um escândalo estava no ar. E eu não gosto quando todos estão bravos ou tristes. Vamos tentar resolver pacificamente. Então…
— Desculpe, Lilith, não pensei que deveria ter te convidado também.
— Hã?! — exclamou Lilith, surpresa, corando até as orelhas.
Ah, exatamente a reação que eu esperava.
— Então eu vou deitar aos pés do meu irmão, e você, Lilith-sensei, ocupará meu lugar♪ — ronronou Yui, descendo pela cama.
— Não entregarei minhas costas ao meu marido — declarou Arin, abraçando-me.
Se nos ajeitarmos, todos nós quatro caberemos, a cama do nosso dormitório é grande o suficiente.
— Então venha para cá!
— Não vou!
Lilith atirou um chapéu em mim e acertou meu rosto.
— Ah…
Lilith sentou-se na cama, abraçando o travesseiro e emburrada.
— Lilith-sensei, você queria vir conosco? — perguntou Yui.
— Não é por isso que estou brava! — resmungou Lilith.
— Que complicado… — suspirou Arin.
Yui e Arin sentaram-se no chão à frente de Lilith, dobrando as pernas.
Já vi essa cena antes. Também é uma espécie de tradição.
Tentei justificar as garotas:
— Vamos, Lilith. Elas só me ajudaram.
— Ajudaram? — perguntou Lilith, inclinando a cabeça.
— Quando invadimos a cama do irmão, ele estava tendo um pesadelo. Suava muito — explicou Yui.
— Sim, senti flutuações perigosas na energia mágica. Então despejamos um pouco de magia nele para estabilizar a energia — completou Arin.
— Entendo…
Parece que Lilith acreditou nelas.
Basta segurar as mãos para transmitir energia mágica, isso até eu sei. Só espero que ela não se lembre disso.
— Eu realmente estava tendo um pesadelo. Obrigado por me tirarem de lá.
— Que nada, irmão, faria qualquer coisa por você.
— Uma esposa deve apoiar seu marido.
É tão bom ser amado.
— Supondo que Arata realmente teve um pesadelo… mas, para saber disso, vocês precisaram entrar no quarto dele primeiro, certo? — percebeu Lilith.
— Eh, pegou a gente — fez Arin, clicando a lÃngua.
— Agora negar seria inútil. Sim, só quis entrar no quarto do Arata — disse Yui com um sorriso despreocupado.
— Yui-san, Arin-san! — ecoou um grito indignado, seguido de uma série de broncas.
Enquanto isso, eu refletia sobre os pesadelos que vinha tendo. Talvez seja por eu ser um candidato a Senhor das Trevas, algo perigoso para nosso mundo.
Significa que meus pesadelos podem se tornar realidade?
— Ei, relaxa a cara — disse alguém, parecia vir de cima. Olhei para o teto — ninguém lá.
— Hm? Isso é…
— Acabei de ouvir a voz de Levi-san.
As garotas começaram a olhar ao redor.
— Hi-hi-hi, aqui estou eu! — anunciou Levi Kazama, jogando o cobertor sobre a segunda cama.
— Festa do pijama! Sorriso! — pediu Selina Sherlock, ao lado de Levi, tirando fotos sem parar.
Hoje, Levi vestia um pijama-quimono japonês, e Selina, calças largas e camisa.
— Quanto tempo vocês estão aÃ?
— Sou ninja, especialista em infiltrações discretas e sabotagens — respondeu Levi.
Surpreendente. Ela estava na cama, mas a voz parecia vir do teto.
— Ninja, você é incrÃvel.
— Sim, eu sou — disse Levi, orgulhosa, empinando o peito e sacudindo o rabo de cavalo.
— Entramos no quarto depois de Yui-san e Arin-san. Foi difÃcil nos esconder na cama admitiu Selina, balançando os dois rabos. Boa garota, falou sem rodeios.
— Então estão aqui desde a noite toda?
— Sim, Lilith-sensei. Confirmo, Arata-san teve pesadelos e a energia mágica flutuava. Isso é sério — mudou de assunto habilmente Levi. Esperamos que Lilith não volte a falar da festa do pijama no quarto do garoto.
— U-uhu… Então… Sim, um mago pode ter sonhos-avisos quando está sob influência ou quando a magia sai do controle Lilith disse pensativa, coçando o queixo.
— Sério? Então isso aconteceu com vocês também? — perguntei.
Todos sorriram.
— Estudar magia é repetir o processo de encontrar, aceitar, imaginar e compreender algo que não existe em você. Você precisa aceitar o que não está em você, sua própria temática, por mais desagradável que seja respondeu Lilith suavemente, olhando ao longe.
— Hm, então aquilo que não existe em mim… — murmurei.
Minha temática é “Impel”, “domÃnio”. Então isso não existe em mim? Pois é, nunca quis dominar ninguém. Amo paz e vivo como quero. Gosto da vida assim. Só que… a vida deu um pequeno aviso de que paz e tranquilidade não estão mais à vista.
Fenômenos estranhos que podem tomar tudo que você ama, acidentes durante magia — e isso é só a ponta do iceberg. Para controlar tudo, eu precisaria governar o mundo, mas… não faço ideia do que fazer.
Talvez por isso a temática “Impel” seja perfeita para mim.
— Eu também comecei a ter pesadelos, então vim buscar consolo nos braços do meu marido — disse Arin, levantando a mão.
— E você? Já melhorou? — perguntei preocupado.
— Sim, agora tudo bem. E Yui me ajudou a me recompor.
Yui sorriu orgulhosa:
— Sou especialista em sonhos! Acho que meu peito também ajudou, né, irmão?
É claro que eu não resisti:
— Oh sim, seios perfeitos.
Yui riu alegremente.
— Esse método de cura não existe! — exclamou Lilith, corando.
Talvez não exista… Mas é justo reconhecer: Yui me tirou daquele mundo negro e vazio.
— Yui, Arin, obrigado.
— Por nada, irmão, tudo por você.
— Sou sua esposa, é meu dever.
As garotas se encolheram timidamente, e meu coração se aqueceu.
Certo, agora o estado de Arin é mais importante. Não gosto de seus pesadelos. Vale a pena pedir que ela nos conte tudo?
— Lilith-sensei, podemos compartilhar nossa experiência com Arata-san? — pareceu que Levi leu meus pensamentos e veio ajudar.
— Sim… claro. Se apenas nos espalharmos e dormirmos, os pesadelos não irão embora. E a flutuação da energia mágica é algo sério — Lilith disse pensativa, esfregando o queixo. — Proponho uma aula especial.
— Viva, festa do pijama♪ — comemorou Yui.
— Não! Vamos discutir os pesadelos de Arata e Arin-san! — cortou Lilith.
— Já trouxe várias guloseimas! — disse Selina, apontando para doces e sucos na cama.
— Ah… bom… — Lilith murmurou confusa.
— Vamos relaxar — riu Levi, batendo no ombro da amiga.
Concordo. Um ambiente informal vai ajudar mais.
— Arin, conte-nos seu sonho.
— Uhu. Tudo começou quando encontrei uma lança — Arin mostrou o anel no dedo anelar esquerdo e fechou os olhos. — Quando você, meu marido, foi feito inspetor.

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